Faculdade de música e viralizar na internet é obrigatório ao artista?
Por CAIO, 20 de agosto de 2024

Faculdade de música e viralizar na internet é obrigatório ao artista? Quer entender como viver de música sem viralizar nas redes sociais e streamings? Então leia este artigo e tenha insights poderosos para a sua carreira independente.
Você já percebeu que buscar a tal “viralização” de um lançamento musical se tornou um objetivo muito incômodo para a maioria dos artistas?
Além da busca por qualificação profissional através de uma faculdade de música, cursos e conservatórios, tem mais uma aparente “exigência” no ar.
A necessidade do uso das redes sociais e streamings como suporte para uma carreira independente já é um fato há anos, mas esse hábito tem se revelado cada vez menos sustentável.
Quem consegue acompanhar os algoritmos e competir com o alto volume de conteúdos e lançamentos criados diariamente?
Nesse artigo, nós vamos avaliar esse cenário da viralização musical e eu vou te ajudar a compreender que não tem nada de errado se você não gosta desse tipo de abordagem para o seu trabalho artístico.
Assim como é possível trabalhar com música sem a obrigação de cursar uma faculdade, há outras estratégias também eficientes para você se divulgar. Vamos lá.
Resumo desse artigo:
ToggleEstá todo mundo ansioso
A cultura dos charts (“gráficos” em inglês: sinônimo de “parada de sucessos”) nos incentiva a tentar colocar uma música no topo das paradas — um feito extremamente difícil de se alcançar — e promove um ambiente desigual; totalmente canibalizado.
Cada novo lançamento musical apaga o desempenho de um lançamento mais antigo (as playlists das plataformas são atualizadas todas as sextas-feiras), tirando canções com menos plays e adicionando outras novas, sendo prioridade aquelas enviadas por gravadoras — fato.
Streaming dá dinheiro?
Apesar da receita arrecadada por artistas e gravadoras independentes no Spotify, em 2023, ser a maior da história da plataforma, 1.000 plays geram, aproximadamente, US$ 3,97 de royalties (cerca de 22,00 reais).
Segundo o portal Metrópoles, um estudo de 2022 realizado pelo Spotify Brasil apontou que 33% dos artistas no nosso país que geraram de R$ 50 mil a R$ 100 mil de royalties (no ano) distribuem seu trabalho de forma independente.
Isso equivale a 4,5 milhões de plays acumulados ao longo de 12 meses. Vale destacar que 25% a 50% desse valor fica retido com as distribuidoras/ agregadoras, pela prestação dos serviços de intermediação com as plataformas.
Além disso, alcançar tantos plays é uma tarefa extremamente difícil, principalmente com a alta competitividade atual — 120 mil músicas são lançadas por dia, no mundo todo, apenas no Spotify, conforme relatório da plataforma divulgado recentemente.
E essa realidade é a mesma para todos os artistas, tendo você estudado uma faculdade de música ou não.
A conta não fecha
Peguemos de exemplo a quantia bruta de 100 mil reais de royalties no ano.
O valor líquido, em média, que o artista independente receberia no mês, caso ele alcançasse anualmente os 4,5 milhões de plays, seria de R$ 4.166,00 — já descontando a comissão das agregadoras (neste exemplo, reduzindo 50%, ou seja, 50 mil reais) e dividindo o montante restante por 12 meses.
Vale lembrar que esse dinheiro não é um “lucro”: é preciso descontar os custos com a produção da música, assessoria de imprensa, fotos, clipe etc. e ainda sobrar algo para a sobrevivência do artista (moradia, alimentação, deslocamento, internet).
Se você faz alguma faculdade de música ou outro curso de especialização, há também os custos para os seus estudos.
Com base nessas informações, se desgastar para viralizar nas plataformas é realmente o melhor caminho para se viver de música independente?
A oportunidade está no óbvio
Uma amiga de trabalho costumava me dizer “o óbvio precisa ser dito, porque ele é sempre esquecido”. E ela estava certa.
A comunicação é um dos pilares da vida humana. Ela sempre ocorreu, mesmo quando nossa capacidade de falar era limitada.
“A linguagem verbal é uma característica única do ser humano”, afirma Maggie Tallerman, professora de linguística da Universidade Newcastle, na Inglaterra.
Estima-se que esse tipo de comunicação pode ter começado há cerca de 500 mil anos, fruto de evoluções da nossa espécie, segundo Robert Foley, antropólogo e professor de evolução humana na Universidade Cambridge.
A música evoluiu com a comunicação
A música parece acompanhar esse processo evolutivo, com vestígios de uma flauta de osso datados de 35 mil anos, na caverna de Hohle Fels, no sudoeste alemão.
Com o avanço tecnológico, passamos por diversas maneiras de nos comunicarmos, e essa interação foi se tornando cada vez mais veloz.
Saímos da escrita para o telégrafo, rádio, cinema, televisão e, em meados do século XX, surgiu a internet.
A ausência de barreiras geográficas e a globalização nos tornou mais acelerados, ansiosos e dependentes da tecnologia.
A chamada ‘hiperconectividade’ é o modo de vida contemporâneo e fugir à regra parece impossível.
A internet não precisa ser a vilã da sua carreira
Como usar tudo isso ao nosso favor em uma carreira musical, já que o mundo e suas regras estão além do nosso controle?
Ter um trabalho artístico sem buscar uma viralização a qualquer custo (financeiro, profissional e emocional) é um caminho possível.
Podemos usar ferramentas disponibilizadas pela internet e criar uma abordagem mais alinhada com nosso perfil e nossos objetivos.
Vimos acima que música é sobre comunicação. Comunicação ocorre entre pessoas, pessoas formam uma comunidade.
Para qualquer coisa disponível online haverá algum público.
Lembro-me de ver um anúncio curioso no Instagram: estavam vendendo retratos da sua possível ‘alma gêmea’ — eram imagens bem duvidosas, feitas com algum aplicativo que criava fotos aleatórias com textura de desenho à mão.
Nos comentários havia diversas pessoas alegando que realizaram a compra. Até hoje me recordo disso e reflito sobre o fato de tudo ter o seu público, por mais estranho que pareça.
E tem público para a sua música independente na internet? Claro que sim!
Quantidade X Qualidade de público
Repita comigo aquela frase que sua mãe provavelmente já te disse “você não é todo mundo”.
Pois bem, se tentar viralizar sua música só te causa dor de cabeça, que tal focar em um pequeno público de qualidade, ao invés de em milhares de almas penadas digitais?
Seguidor é sinônimo de fã? Não mesmo.
Nem todo mundo que te segue é fã do seu trabalho. E fã é alguém disposto a pagar pela sua arte — seja o pagamento através de um play, um view, ou dinheiro para comprar ingressos do seu show e produtos do seu merchandising.
Essas pessoas, sim, merecem sua atenção e cuidado. Que tal investir em um relacionamento com elas?
E-mail marketing: uma estratégia que funciona
Criar o seu próprio mailing, ou seja, sua lista de fãs, é uma das coisas mais valiosas que você pode fazer por sua carreira.
De um modo geral, a maioria das pessoas busca relacionamentos nutritivos e recíprocos; e isso pode ocorrer através do envio regular de e-mails.
Na minha própria carreira adotei essa estratégia, criando uma newsletter semanal chamada “Jornada do Andarilho”.
Nos textos eu trazia reflexões com base nas músicas que eu estava lançando, curiosidades sobre a composição e produção, além de anunciar novidades e datas de lançamentos e shows.

Exemplo de e-mail marketing enviado à minha base para a divulgação de um show
A vantagem?
Esses fãs estão no meu banco de dados pessoal. E a taxa de abertura dos e-mails, de um público que voluntariamente decidiu se inscrever para me acompanhar, é ótima.
Você pode ver na imagem a seguir alguns exemplos de disparos que fiz. Há taxas de abertura acima de 50%:

Exemplo de taxas de aberturas dos e-mails enviados ao público que me acompanha.
Você já parou para pensar que não adianta de nada ter milhares de seguidores no Instagram, se você não tem acesso aos e-mails deles?
Se a plataforma falir amanhã e sair do ar, todo mundo some. Por isso o e-mail marketing é riquíssimo e uma excelente alternativa para ajudar você a criar uma carreira musical sustentável.
Além do mais, é possível criar e disparar e-mails através de serviços gratuitos, a exemplo da plataforma Mailchimp, e criar ótimos designs de graça, usando o Canvas.
Como fazer Música Primeiro, Números Depois
O e-mail marketing é apenas uma das diversas estratégias que você pode utilizar na sua carreira independente, sem precisar viralizar nas redes sociais.
Ao compreender sua música como um negócio capaz de te trazer renda e satisfação — afinal é maravilhoso ganhar dinheiro com o que a gente ama — basta criar um planejamento estratégico assertivo e partir para a ação.
Sim, apesar de haver muita informação disponível na internet, sabemos que encontrar conteúdo de qualidade para artistas independentes não é tão simples assim.
Os tópicos ficam espalhados em diversos canais e sites, e muitos cursos existentes no mercado são caríssimos.
Pensando em contribuir com o desenvolvimento da sua carreira musical, para você ganhar dinheiro com ela e se realizar profissionalmente, sem depender de viralizar nas redes sociais, eu recomendo fortemente que você faça a jornada Minha Gravadora: Música Primeiro, Números Depois.
Esse é um curso online completo, dividido em 11 passos, onde eu ensino as melhores estratégias para você assumir as rédeas da sua carreira, se tornar sua própria gravadora e conduzir seu trabalho com as ações adotadas pelos maiores artistas do país e do mundo,

Quero aprender a ter uma carreira musical sem viralizar nas redes
[Jornada online Completa]
Conclusão
A música e a comunicação, conforme vimos acima, são necessidades que acompanham o ser humano, antes mesmo do advento da tecnologia.
Uma faculdade de música e viralizar na internet podem favorecer, mas não são as únicas maneiras para se conseguir viver da sua arte.
Sendo assim, as plataformas de streaming são uma forma de espalhar sua música e se conectar com outras pessoas — mas não são o único caminho atual para se viver de música.
A música é uma forma de interação social e interação social é uma necessidade intrínseca a nós humanos.
Ao compreender a carreira musical como uma profissão e um negócio sério, com planejamento, trabalho, tempo e dedicação, é possível viver da sua arte de forma sustentável.
Ficou com alguma dúvida? Deixe um comentário! 😉
Perguntas Frequentes sobre Faculdade de música e viralizar na internet é obrigatório ao artista?
Isso não é verdade. Entrar para o ranking das músicas mais tocadas é uma estratégia usada por grandes artistas para dar mais visibilidade ao lançamento, que acaba entrando em playlists editoriais da plataforma e alcançando mais ouvintes. Contudo não é algo simples, barato e acessível — gravadoras investem até 200 mil reais para seus cantores estarem no topo das paradas. Foque no relacionamento com o seu público, não nas paradas.
Mil plays geram cerca de R$ 22,00 brutos. Descontando a taxa das distribuidoras e tarifas, pode sobrar aproximadamente R$ 10,00 a cada 1000 plays. Vale a pena se desgastar tanto com essa plataforma? Avalie.
Com certeza. A viralização é um fenômeno pontual: quando um conteúdo cai nas graças do público e do algoritmo. Porém não é algo recorrente e simples de se alcançar. Já a necessidade de se relacionar com outras pessoas é uma realidade humana e a música tem papel fundamental nisso. Se você tem uma música online, com certeza existe um grupo de pessoas que gostam do seu trabalho. Foque nessas pessoas.
Não. As redes sociais são uma plataforma de divulgação e relacionamento com o seu público, porém nem todo seguidor é um fã. Com um planejamento estratégico profissional é possível criar muitas ações que fidelizam seu público real e que te trazem receita.
Sim! Além de criar uma comunicação personalizada e aumentar as chances do seu público te ver (porque você aparece na caixa de e-mail dele), você pode armazenar os dados dos seus fãs de forma direta. Com as redes sociais isso não é possível — se elas saírem do ar, você perde o contato com todos.
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CAIO
Autor
CAIO é cantor e compositor natural de Belo Horizonte. Uma das apostas de 2024 da aclamada revista Rolling Stone Brasil, atua como artista independente há mais de 12 anos. Formado em Publicidade e Propaganda pela Faculdade Sul Americana, aplicou a experiência corporativa na própria carreira musical. Desde então, o êxito das ações levaram o artista a dividir colaborações com grandes nomes da música brasileira, tais como Daniela Mercury e Vanessa da Mata.
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